01/06/2015
Com a crise na economia, os custos para as transportadoras estão aumentando, o que reflete em muitos caminhões parados e demissões em Araraquara (SP). Donos de transportadoras chegam a relatar que o custo do trabalho, antes 35% do total recebido pelos fretes, passou a ser de até 65%. O número de contratados caiu pela metade No Brasil, de um total de 1,7 milhões de caminhões, 300 mil deixaram de rodar, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Carga.
O momento é difícil para o setor, diferente do que ocorreu em 2014, quando faltavam motoristas para preencher as vagas. “A gente estava correndo atrás de motoristas, fazendo cursos para trazer mais gente para o mercado e esse ano nós temos sobra de motorista no mercado”, explicou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de Araraquara, Natal Arnosti Júnior.
No ano de 2014, faltavam motoristas para preencher as vagas. “A gente tinha um custo de 35% diesel mais pedágio. Há dois anos. Hoje esse custo é de 60%, 65%”, explicou o presidente. Na transportadora de Claudio José Caride, o pátio costumava ficar vazio, mas agora está repleto de caminhões parados. A empresa fazia mais de 200 viagens semanais, mas agora faz cerca de 100 por conta da crise e o aumento no preço do pedágio. Apesar dos custos maiores, não é possível repassar o valor para o frete. “A cobrança do eixo suspenso foi o fim do transporte rodoviário. A gente está pagando por um eixo que não está rodando. E nós não temos como absorver isso. A gente tinha um custo de 35% diesel mais pedágio. Há dois anos. Hoje esse custo é de 60%, 65%”, afirmou Caride.
Demissões
Com menos caminhões rodando e menos lucro para as empresas, também começa a faltar emprego para caminhoneiros. Só na região, o número de motoristas contratados caiu pela metade, chegando a apenas seis mil trabalhando.
A transportadora onde Marcelo Cesar Silva é gerente de logística está com uma grande quantidade de currículos. “Eu consigo receber um volume de currículos desse no mínimo a cada dois anos. Esses currículos são só deste ano, de janeiro até agora, quer dizer, cinco meses”, apontou. No entanto, ao invés de contratar, estão demitindo e já mandaram dois funcionários embora. O terceiro vai sair em uma semana. “Nós temos também um aumento nas peças para a manutenção dos nossos caminhões. Esses aumentos acompanham a alta do dólar. Com isso, nosso frete está sempre igual, só que nosso lucro, cada dia que passa, diminui mais”, comentou.
O motorista Leandro Villas-Boas está cumprindo aviso prévio. Há 14 anos na área, sendo dois na empresa, afirma que nunca viu um momento tão ruim para o setor. “Como as empresas agora estão enxugando o efetivo devido à crise, a gente vai perdendo o trabalho, fica complicado para arrumar outro. A gente que tem família tem que ficar correndo atrás e se sujeitando a qualquer coisa para conseguir tirar o ganha pão da gente”, falou.
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