Viajando nas asas da recauchutagem

20/02/2014

Fonte : ARQUIVO – Revita Pnews
EDIÇÃO 68 – JUN 2010 – Katia Siqueira

PNEUS RECAUCHUTADOS

Há quem duvide da qualidade dos pneus recauchutados ou reformados utilizados nos veículos em geral, como motos, carros de passeio, caminhões, implementos rodoviários e, principalmente, os que equipam aviões de carreira, de carga, militar etc.

Pasmem os incrédulos ao tomarem conhecimento de que 100% da frota das aeronaves comerciais que circulam no mundo são equipadas com pneus recauchutados. O segmento aéreo, por adotar medidas de segurança extremas, desde quando começou a trabalhar com produto recauchutado, em 1927, nos Estados Unidos, ainda não registrou um único problema decorrente da recauchutagem em pneu de avião.

De acordo com Vanderlei Nazareth, gerente sênior de Aviação América Latina da Goodyear do Brasil – única empresa autorizada a fornecer serviço de recauchutagem de pneus de avião na América do Sul – para estar apta a fazer esse trabalho, a companhia submete-se às exigências e controle da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e da Dirmab (Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico da Força Aérea Brasileira), dos quais recebeu certificação.

“Em média no Brasil, conseguimos fazer cinco recauchutagens por pneu, apesar de termos credenciamento para recauchutar até 11 vezes a mesma carcaça, desde que esteja em perfeitas condições. Esse é um excelente número, considerando que a média mundial é de quatro vidas. Os Airbus 320 da TAM, por exemplo, passam por sete recauchutagens em média”, afirma Nazareth.

A Goodyear atende todas as empresas aéreas comerciais do Brasil e a Força Aérea Brasileira, incluindo o avião presidencial. Os caças supersônicos de combate não usam pneus recauchutados. Usam pneus feitos apenas para uma vida. “O processo de avaliação da carcaça é altamente perfeito porque no segmento de aviação a margem de erros é zero”, garante.

Ele explica que isso se deve, além da tecnologia empregada, à própria construção do pneu. A carcaça do pneu do avião é especialmente construída para suportar várias recauchutagens. Além disso, o pneu de avião tem um uso diferente do pneu de caminhão. “O pneu de caminhão tem uma operação de uso contínua e o do avião é intermitente”, compara Nazareth. “Enquanto o pneu de caminhão suporta uma carga menor (comparado com o de um avião) por um longo tempo, durante a viagem na estrada, o pneu de avião tem que suportar uma carga elevada (por volta de 15 toneladas por pneu), por um curto período de tempo (de 30 a 45 segundos de corrida)”.

A única diferença apontada pelos especialistas entre um pneu recauchutado e um novo de fábrica é o preço. Uma recauchutagem de pneu de avião, por exemplo, custa cerca de 30% a 35% do valor de um pneu novo. “Com o valor pago em um pneu novo, o cliente pode recauchutar três vezes. Se considerarmos que os itens pneus e freios são o maior custo de uma empresa aérea, já é possível avaliar o que a recauchutagem representa. Cerca de 20% dos veículos de passeio e utilitários da Europa e 100% dos aviões da linha comercial nacional e internacional utilizam pneus recauchutados”, afirma.

A recauchutagem, ou reconstrução de pneus (como alguns denominam), nada mais é do que aproveitar a estrutura resistente do pneu gasto (liso), desde que esta esteja em boas condições de conservação, e incorporar-lhe nova borracha de banda de rodagem, de forma a que este ganhe outra vida. Em média, esta operação é realizada uma vez para pneus de veículos ligeiros (motos), duas a três vezes em pneus pesados ou industriais, e cerca de 10 vezes em pneus de avião.

Com esta operação, o pneu mantém basicamente as mesmas características técnicas e de comportamento do pneu original, a custos muito inferiores. Com a recauchutagem poupa-se cerca de 75% de matéria-prima e energia, o que se traduz simultaneamente numa poupança econômica e ambiental.

Veja mais  em : http://www.abr.org.br/Revistas/revista_68viajando.html

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