Equipamentos rodoviários têm bom desempenho, mas futuro preocupa

20 de Julho de 2011
Fonte : Valor Econômico

 

 

Acréscimo de dificuldades no financiamento por parte do BNDES e competição com produtos estrangeiros são os atuais temores dos fabricantes nacionais de equipamentos como carrocerias e reboques – os chamados implementos rodoviários. Embora no primeiro semestre deste ano as vendas tenham aumentado em 20,5% em relação ao mesmo período de 2010, esse número representa menos da metade da comparação anterior: de 2009 para 2010, o crescimento entre os semestres havia sido de 52,8%.

As exportações praticamente se estabilizaram. De janeiro a maio, cresceram 5,4% entre 2010 e 2011, enquanto na comparação anterior – 2009 para 2010 -, o número havia alcançado um patamar doze vezes maior: 66%.

Com a desaceleração no crescimento das vendas, em parte porque os números de 2010 foram influenciados pela base fraca de comparação de 2009 (ainda sob efeito da crise de 2008), a principal preocupação dos fabricantes reside no futuro. Num cenário mais pessimista, a Anfir projeta queda no faturamento no ano – de R$ 6,8 bilhões para R$ 6,7 bilhões.

A dificuldade mais mencionada é a competição com o produto estrangeiro no mercado interno, principalmente o oriundo da Ásia. Além da moeda nacional valorizada (o que deixa o importado mais atrativo), os fabricantes nacionais reclamam da falta de exigências técnicas para a importação. Em maio, o governo desistiu de exigir certificação para a entrada de importados no país, o que poderia aumentar a vantagem dos nacionais. A justificativa foi de que o Inmetro não teria condições de implementá-la. “Nós, que somos brasileiros, somos castigados e temos de entregar toda a papelada correta”, diz Rafael Wolf Campos, presidente da Anfir.

Outro fator que pode afetar a indústria foi a decisão do BNDES, em abril, de elevar a taxa de juros para financiamentos nesse segmento (Programa BNDES de Sustentação de Investimento, o PSI). Segundo a Anfir, embora não tenha havido influência nos números anunciados ontem, a medida tem impactado as vendas, que tendem à estabilização no segundo semestre.

“Estamos tendo um ano ainda melhor que o de 2010 até agora, mas daqui em diante a tendência é que os pedidos parem de subir”, diz Norberto Fabris, diretor da Randon. Segundo ele, a estabilização é positiva. “Essa acomodação vem em bom momento, porque às vezes nem dávamos conta da demanda”, revela.

Também pode impactar negativamente a exigência do Euro 5, um novo e mais caro sistema para caminhões, que será exigido pelo governo para veículos fabricados a partir do ano que vem. Por isso, segundo a Anfir, a indústria tem priorizado investimento em caminhões neste ano, em vez de implementos, para poupar custos em 2012.

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