Carga tributária no setor de transporte chega a 56%

14/12/2010

“Temos que gritar contra essa pesada carga tributária”. Em entrevista, o presidente reeleito do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), José Carlos Silvano, 55 anos, critica a carga tributária do setor de transporte e fala sobre os planos para o setor.

Eleito para seu segundo mandato, o empresário gaúcho vai continuar à frente do sindicato até o fim de 2012. Ele falou à reportagem do site da CNT ( Confederação Nacional do Transporte )  sobre os desafios e planos do sindicato. Confira:

Quais os principais desafios para os próximos dois anos?

São muitos. A luta do setor é antiga, principalmente algumas bandeiras conhecidas como a questão da carga tributária. Dados da Fundação Getúlio Vargas indicam que 56% do nosso faturamento são gastos com tributo. Nós pagamos todos os tributos que a indústria e que o comércio pagam, e mais aqueles que são da nossa natureza, como a Cide sobre o combustível, IPVA e outras 50 licenças e taxas de vistoria, do Inmetro, cronotacógrafo e por aí vai. Há ainda os pedágios, que não deixam de ser impostos de passagem. Temos que gritar contra essa pesada carga tributária, pois o nosso setor sofre muito mais do que qualquer outro.

E como está a infraestrutura no estado?

No Rio Grande do Sul há uma deficiência enorme que onera a nossa atividade. Há rodovias antigas, com mais de 50 anos, outras sinuosas, pontes caindo… O crescimento da frota de veículos não está sendo acompanhado pelas melhorias em infraestrutura. Os pedágios também são muito caros e existem em rodovias simples, enquanto só deveriam existir nas rodovias duplicadas e seguras. Outra questão que preocupa é a formação dos motoristas. Nós temos no Brasil cerca de 2,5 milhões de caminhões rodando. A cada ano, são cerca de 140 mil novos caminhões nas rodovias, logo, precisamos de pelo menos 140 mil novos motoristas ao ano, além daqueles que se aposentam. É preciso melhorar a formação desses profissionais.

As conversas com o governo sobre as limitações à circulação de caminhões nas cidades continuam?

Porto Alegre começou a impor restrições à circulação de caminhões e logo outras cidades menores do interior também começaram a praticar proibições de passagem de caminhões por dentro de seu município. O Setcergs agiu fortemente contra essas ações e conseguiu adiar para o ano que vem as aplicações previstas. Mas isso não vai resolver. Nós sabemos que 95% dos problemas de trânsito não são causados por caminhões, e sim por automóveis. No Rio Grande do Sul, o caminhão responde a apenas 1% da circulação. Há até mais carroças e cavalos circulando dentro da cidade do que caminhões, mas foi dado um prazo de oito anos para que as carroças sejam retiradas das ruas.

Quais serão as ações prioritárias do sindicato para o início de 2011?

Nós vamos trabalhar no planejamento estratégico considerando o novo cenário que se desenha pela política, em que pela primeira vez o Governo do Rio Grande do Sul está alinhado ao Governo Federal pelo mesmo partido. Vamos preparar os eventos que o Setcergs reedita a cada ano, como a Transposul, em Julho. Temos ainda ações na área de responsabilidade social que serão mantidas e ampliadas, como o Banco de Alimentos; Transportadora da Vida; o projeto Na Mão Certa; o Núcleo de Ação Social; e o Despoluir, em convênio com a CNT. Também visamos uma ampliação do quadro social. No estado são 7.500 empresas no guarda-chuva do Setcergs, mas temos apenas 350 empresas associadas. Logo, temos um espaço enorme para crescer, para ampliar o número de associados.

Como essa nova realidade, de um mesmo partido tanto no estado como em âmbito federal, vai influenciar a relação do Setcergs com o governo local?

Acredito que haverá uma interface maior, um intercâmbio e diálogo melhor entre as esferas de poder. Assim, acreditamos que muitas das pendências que nós temos no estado serão resolvidas, como o impasse em relação ao modelo de pedágio equivocado que temos aqui, em que nem a União e nem o Estado querem ficar com a responsabilidade de algumas rodovias.

Fonte : CNT

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