Em janeiro, segundo informa, houve 771 ocorrências de roubo de cargas no Estado de São Paulo. “Apesar da transparência da Secretaria de Segurança Pública na divulgação dos dados, o aumento de mais de 30% em relação ao mês de janeiro do ano passado preocupa bastante”, diz. Segundo Sousa Lima, outro grande impacto do Custo Brasil sobre o faturamento do transporte rodoviário é a carga tributária. “São 56% entre impostos diretos e indiretos”, diz ele, enfatizando que o setor considera o roubo de cargas (que implica em rastreamento, monitoramento e contratação de seguro) como sendo um imposto indireto. O mesmo ocorre com o pedágio.
Na visão de José Hélio Fernandes, presidente da NTC&Logística, outro forte componente do Custo Brasil – em função também do roubo de cargas – é o seguro de transporte. “Além de afetar a receita das empresas, acabou sendo criada uma mistura desordenada de despesas em razão da gestão de risco, hoje indispensável”, diz. Ele lembra que o rastreador é um elemento que acompanha o caminhão o dia todo. Segundo Fernandes, existe determinado tipo de mercadoria que mesmo com sofisticados serviços de rastreamento exigem escolta. “Temos necessidade de fracionar o risco.” Certas cargas de alto valor agregado não podem ser transportadas em num caminhão só, porque o risco fica concentrado. “É comum as seguradoras exigirem a divisão da carga”, diz o presidente da NTC&Logística, o que eleva os custos. “Temos levantamentos indicando empresas gastando de 10% a 15% de receita com gestão de risco.”
Fernandes observa que outros impactos nos custos das transportadoras são fruto da infraestrutura precária, tanto no que se refere à conservação de estradas, quanto nos gargalos na saída e chegada de produtos. “No agronegócio às vezes o caminhão funciona mais como armazém do que como veículo de transporte”, lembra.
Ele dá como exemplo suas carretas que gastam todo dia R$ 248 de pedágio na ida de São Paulo a Ribeirão Preto e outros R$ 248 na volta. Ou seja, são R$ 496 por dia de pedágio nessa viagem. “Como eu faço esse itinerário 22 vezes por mês, o gasto é de R$ 10,9 mil mensais com pedágio”, diz, esclarecendo que o preço de um conjunto, cavalo mecânico e uma carreta, de cinco eixos é de aproximadamente R$ 350 mil. “Se a gente dividir R$ 350 mil por R$ 10,9 mil vai chegar a um número parecido com 32”, prossegue o empresário, inferindo que em de menos de três anos terá entregado, em pedágio para a concessionária, um valor suficiente para comprar um novo caminhão.
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