MERCADO – MAN pede agilidade ao governo

31/10/2014
Fonte: Valor Econômico

 

ECONOMIA MELHORA APÓS  AS  ELEIÇÕES

Precisamos de medidas para recuperar a confiança do investidor

 

A recuperação da indústria brasileira depende da agilidade da presidente Dilma Rousseff na definição de novas políticas econômicas já para 2015. Essa é a avaliação de Roberto Cortes, presidente da MAN, fabricante de caminhões e ônibus da marca Volkswagen em Resende, no sul do Rio de Janeiro. A empresa vem trabalhando com uma capacidade ociosa na faixa dos 50% e espera definir nos próximos meses o futuro dos 200 trabalhadores que estão com contratos suspensos (em “layoff”) até janeiro.

“O que esperamos, fosse com Dilma ou Aécio no governo, é que sejam tomadas medidas para a retomada do crescimento. Precisamos de medidas para recuperar a confiança do investidor, como, no nosso caso específico, investimentos em infraestrutura e o programa nacional de renovação de frota. Vemos com bons olhos o controle mais forte da inflação e a definição da equipe econômica e das políticas econômicas”, disse Cortes ao Valor.

O executivo defende que a escolha do novo ministro da Fazenda seja feita com critério. “Precisamos de pessoas com conhecimento específico sobre a economia. Temos um plantel de bons nomes. O que não falta são bons profissionais”, comentou.

O presidente da MAN vê com bons olhos políticas que preservem o controle da inflação, o superávit primário e o câmbio flutuante conduzido pelos últimos governos. “O tripé econômico não deve mudar. Precisamos é de um rigor maior na sua manutenção”, defendeu.

Cortes espera que a indústria brasileira volte aos trilhos a partir do ano que vem. “A tendência natural é que 2015 seja um ano melhor, não por causa de mudanças substanciais na economia, mas por conta daquilo que não cresceu este ano”, projetou o executivo, que, apesar do ano ruim, prevê manter o plano de investimentos 2012-2017, de mais de R$ 1 bilhão, de olho no potencial de longo prazo do mercado brasileiro.

De acordo com o presidente da MAN, as vendas de caminhões estão caindo 14% este ano. Já as exportações estão 25% menores, impactadas pela crise na Argentina. A expectativa da empresa é que as vendas no Brasil totalizem 130 mil caminhões este ano.

“Começamos o ano projetando um crescimento nas vendas, de 4% a 5%, para algo em torno de 160 mil caminhões. Não sabíamos que 2014 seria tão difícil. Houve uma redução de 20% nas vendas em relação às expectativas iniciais”, comentou Cortes.

A fábrica da companhia em Resende, segundo Cortes, poderia estar produzindo muito mais. A MAN já deu dois períodos de férias coletivas este ano e prevê uma terceira parada, de 20 dias, em dezembro, para ajustar os estoques da empresa. O nível atual de estoques de Resende é de 42 dias, acima da média de 30 dias.

Cortes explica que a definição sobre o futuro dos trabalhadores em “layoff” vai depender, basicamente, de quatro variáveis: de quanto será o nível da atividade econômica; da retomada da confiança do consumidor; de estímulos para o setor industrial, como a manutenção do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES; e de como se dará a recuperação dos principais mercados importadores.

“São essas quatro variáveis que vão determinar o ritmo de produção de nossa fábrica em Resende”, disse o presidente.

O executivo, contudo, se diz otimista com o Brasil e aposta na necessidade da renovação da frota para alavancar o crescimento do setor no longo prazo. Segundo cortes, os caminhões brasileiros têm 17 anos de idade média. Nos EUA e Europa, a idade média é de oito anos.

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