MERCADO & ECONÔMIA – Lobão defende alta de 10% no preço da gasolina e do diesel

22/06/2012

Fonte : A Gazeta – ES

A Petrobras parece ter convencido o governo da necessidade de aumentar o diesel e a gasolina nas refinarias. Ontem, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que na última terça-feira já havia ventilado a possibilidade de reajuste, defendeu um acréscimo de 10% no preço dos combustíveis. Apesar da defesa, o ministro não revelou tamanho do ajuste e nem quando ele será feito. O que se comenta é de que seja depois das eleições municipais.
A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, que teria solicitado um aumento de 15%, já havia avisado à presidente Dilma Rousseff que o congelamento de preço dos combustíveis estava afetando a geração de caixa da empresa e comprometendo a capacidade de investimentos.

Na semana passada, a estatal apresentou um plano de investimentos 5,2% maior que o do ano anterior, de US$ 224,7 bilhões entre 2011 e 2015 para US$ 236,5 bilhões entre 2012 e 2016. Ao elaborar o plano, a estatal embutiu nos cálculos reajuste de 15% nos combustíveis.

O percentual tido como mais realista é de 10%, que não deve ser repassado totalmente para os consumidores. Para que isso aconteça, o governo deve reduzir o percentual da Cide (contribuição destinada a regular o preço dos combustíveis) que recai sobre o valor da gasolina e do diesel. Hoje, para reajustar o preço da gasolina em 8% sem repassá-lo ao consumidor final, o governo teria de zerar a cobrança da Cide sobre o combustível. No caso do diesel, o reajuste máximo seria de 4%.

Apoio – Para o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, já passou da hora da Petrobras aumentar o valor do diesel e da gasolina. “Além de prejudicar o caixa da empresa, complica o mercado de combustíveis. Enquanto o preço da gasolina está estagnado há anos, o do etanol vem variando e o produto perdendo mercado”.

Com relação ao aumento prejudicar o bolso do consumidor, Pires diz que o problema não está no preço cobrado pela Petrobras, mas na quantidade de impostos. “A carga de tributos em cima do combustível brasileiro é de 45%, nos EUA beira os 20%”.

Mantega – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que nenhum anúncio sobre o aumento foi feito oficialmente e que, “se é que vai ter”, será feito pela própria Petrobras.
Baque no bolso também deve ser forte – Caso o aumento no diesel e na gasolina seja de 15%, como quer a Petrobras, vai ser difícil o consumidor não sentir o impacto no bolso. Mesmo considerando que a alíquota da Cide seja reduzida a zero, o limite para o reajuste seria de 8% na gasolina e 4% no diesel.

No caso do reajuste ser compensado pela contribuição, Graça Foster estaria repetindo o modelo usado pela gestão de José Sérgio Gabrielli, mas o espaço para se utilizar esse artifício está bem reduzido. No início do governo Lula, a Cide era de mais de R$ 0,50 por litro de gasolina, hoje é de apenas R$ 0,09.

Marcos Henrique Lopes, executivo do Sindipostos no Estado, diz ser difícil prever qualquer coisa neste momento. “A margem de manobra com a Cide é bem reduzida e mesmo pequena não sei se o governo usará toda ela. Também pode ser que a cadeia absorva o aumento. Isso tudo é suposição, ainda não sabemos quando será o aumento e nem de quanto será. Não dá para garantir nada agora”.

Procurado pela reportagem, o Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis não quis se pronunciar.

Mais caixa – R$ 14 bilhões – Será o ganho da Petrobras no ano caso o governo aceite aumentar o diesel e a gasolina em 15%.

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