Faltam 120 mil caminhoneiros

27/julho/2011
Fonte : Diario de São Paulo

 

Setor de transporte de cargas sofre com falta de mão de obra e com o alto custo para tirar a habilitação específica. Jovens não se interessam pela profissão

 

A frase antiga “Sem caminhão, o Brasil para”, que decorava vários para-choques pelo país,  ganhou um novo significado. Agora falta caminhoneiro. E muitos. Estudo da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) aponta que o déficit no país é de cerca de 120 mil motoristas de caminhão, a maioria no estado de São Paulo. No total, o Brasil tem 1,2 milhão de caminhoneiros.
presidente da entidade, Flávio Benatti, afirma que a falta de mão de obra é um problema que afeta todos os setores da economia devido ao crescimento rápido do país e à educação precária. Para ele, a situação no transporte de carga é mais grave.

 

“Há falta de interesse do jovem por essa profissão, pois  o caminhão vem sendo tratado como um grande problema do país. Tudo isso porque houve falta de planejamento de quem governa ao deixar as estradas em más condições”, disse.
O fato de ter menos caminhoneiros no mercado contribui para aumentar os altos custos logísticos do país. Sem motoristas, há uma demora maior para transportar  cargas, principalmente no fim de mês ou em datas comemorativas.
Caminhões e carretas ocupam, em horário de pico, quatro faixas da Marginal Pinheiros: mesmo com número grande de veículos de carga nas ruas e estradas, faltam motoristas profissionais

A transportadora TNT, que atua em todo o país, é uma das muitas que sofrem com a falta de caminhoneiros. Por meio de sua assessoria, a empresa afirma que para contornar esse problema teve de criar um programa para formar motoristas a partir de seu quadro  de funcionários, com aulas de direção defensiva, meio ambiente, respeito a terceiros no trânsito, noções sobre o veículo e mecânica. A empresa tem 1,5 mil motoristas e contrata até dois mil veículos no período de pico.

Carteira cara / A CNT (Confederação Nacional do Transporte) também aponta a gravidade da situação e destaca outro problema que dificulta a formação de mais caminhoneiros: a habilitação profissional custa R$ 2, 4 mil.

A carteira é a de tipo C (caminhão) e E (carretas). O presidente da CNT e do Conselho Nacional do Sest/Senat, senador Clésio Andrade, defende que a carteira seja gratuita para jovens desempregados e de baixa renda.

“Hoje, o jovem tem de pagar em torno de R$ 1 mil e depois  mais para conseguir mudar para as categorias necessárias. O transportador não tem condições de bancar”, disse por meio de sua assessoria.

A proposta  de criação do Programa Social do Jovem Motorista foi entregue no fim de junho ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Até o fechamento desta edição o ministério não havia respondido como está  análise do projeto.

Entidades vão criar cursos para formar mais profissionais
A partir deste segundo semestre, ainda sem data definida, o Senat (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) pretende  iniciar inscrições para  cursos de formação de motoristas profissionais. As aulas serão dadas nas unidades do Senat pelo país e devem contemplar 66,9 mil profissionais por ano. Os alvos da são motoristas recém-habilitados e sem experiência no setor de transporte.  O Senat já oferece cursos, mas apenas para motoristas com mais experiência.  A CNT (Confederação Nacional do Transporte) também negocia com o Ministério da Ciência e Tecnologia  um plano de formação de caminhoneiros para treinar 150 mil profissionais nos próximos três anos.

Com a falta de mão de obra, o salário de motorista de caminhão está em alta. Segundo a Sert (Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho), a média inicial no estado é de R$ 1.108.

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